"Naquela noite, recordo-me que não conseguira dormir. Passara toda a noite a pensar na conversa que escutara na tarde do dia anterior. Estaria eu a tomar a decisão errada ao não dar ouvidos a João? Ou estaria eu certa, e me devesse aproximar mais de Pedro? Eu estava confusa. Aliás, mesmo muito confusa.
De manhã sabia o que tinha de fazer: Enfrentar as coisas. Encarar os meus medos. Mas também sabia o que eu ia realmente fazer: Ignorar os problemas, com medo. E foi isso que fiz realmente.
Quando cheguei à escola, ainda era cedo, e não estavam lá muitos alunos. Aproveitei então a oportonidade para ir à biblioteca tratar do maldito trabalho de ciências!
Quando terminei, regressei ao pátio que já se enchera de alunos. Mas, no meio de todos eles, a primeira pessoa que vi foi Pedro. Acenou-me e começou a aproximar-se de mim. Oh nao! Iria ele reparar em como eu estava estranha? Pior, e se ele desconfiava que eu ouvira a conversa? Mas, sem mais tempo para pensar, cumprimentou-me com o seu sorriso mais que perfeito e disse:
- Bom dia! Então, durmiste bem? - A sua voz era tão doce. Como poderia eu pensar que ele era o mau da fita?! Eu estava era maluquinha! (Ou talvez não.)
- Bom dia! Sim, durmi. - Menti - E tu?
- Também, e só porque sonhei contigo.
Não precisava de um espelho para o confirmar, a minha cara devia estar pior que um tomate! Ele sonhara comigo?
- Comigo? - Perguntei estupidamente.
- Sim, contigo. E foi um sonho maravilhoso! - Ele sorriu ainda mais.
- Nós estávamos... - Foi interrompido pela campainha. - Bom, é melhor falarmos depois, senão chegamos atrasados.
- Hummm, pois, é melhor. Então, até logo! - Eu estava mortinha por ir ter com ele, por estar ali com ele... Que me esquecera completamente do stress todo por causa da conversa que ouvira.
- Ok. Então, depois das aulas encontramo-nos no jardim como no outro dia, pode ser?
- Hummm ok. Lá estarei.
- Tchau. - E afastou-se, acabando por desaparecer do meu campo de visão.
Fui a correr para a aula, visto que ficara bastante tempo a suspirar como uma idiota, e ia chegar atrasada à aula de Geografia.
Depois das aulas, antes de ir ter com Pedro, passei pela casa de banho. Olhei-me ao espelho. Estava pálida. Seria do nervosismo? Estaria a ficar doente? Bem, de qualquer das formas não interessava. Eu só queria mesmo encontrar-me com Pedro.
Ia a caminho do jardim. Caminhava devagar, pois ainda era cedo, e a maioria dos professores não são como a minha prof. de Geogarfia, que nos deixa sempre sair um bocadito mais cedo. Mas, para minha surpresa, quando lá cheguei, encontrei-o. Estava a falar ao telefone. Ouvi-o dizer:
- Ouve, deixa-te de tretas! Este é dos melhores planos de sempre. É riso prometido! Só tens de fazer o que eu te disse para fazeres. Ela ainda me vai dar muito jeito!
Nisto, senti um calafrio. Arrepiei-me toda e, sem mais nem menos, espirrei.
Pronto, já estragara tudo. Iria ele ficar cheteado por pensar que estava a ouvir a conversa propositadamente? Depois diz:
- Pronto, tchau. - E desliga o telefone.
- Ah, desculpa, eu não estava mesmo a ouvir a conversa de propósito. - Disse eu.
- Não faz mal, eu sei que não. - Disse ele, com um sorriso algo preocupado.
- Mas, posso só saber com quem e o que estavam a falar? Parecias bastante divertido, mas agora estás algo tenso.
- Ah, hummm, pois. É que... T-tu, bem... Ah... - Gaguejou ele.
- Tu já sabes que podes confiar em mim.
- Eu sei.
- Então, diz lá. - Disse eu, nervosa com o que ele me podia dizer."
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