"Hoje, sempre que me olho ao espelho, vejo uma pessoa feliz. Mas antes, eu vi-a uma rapariga ingénua, fraca e destroçada.
Eu dava demasiada importância às palavras, e não às acções. Eu dava mais importância às mentiras do que à verdade. Eu preferia viver naquela perfeita ilusão, e não na realidade.
Ele era o Pedro. Era alto, cabelo loiro, olhos castanhos, bonito, portanto basicamente era perfeito. Pelo menos eu via-o assim.
Eu era bastante tímida, e já gostava dele desde a primária. Ele era o rapaz mais popular da turma, para não dizer da escola! Eu sempre sonhara com um príncipe encantado que me viria buscar num cavalo branco, e levarme-ia a um baile, onde pudessemos dançar a sós. Eu era uma sonhadora. Gostava de misturar histórias de princesas com os típicos filmes americanos, em que a rapariga mais tímida acabava com o rapaz mais popular. O final dessas histórias agradava-me imenso! Eu vivia sempre nas nuvens, gostava de acreditar que o mundo era perfeito!
Na escola, não tinha muitos amigos, pelo que passava os dias com a minha melhor amiga.
Quando era mais nova, lembro-me de ela me ajudar a escrever cartas de amor assinando sempre 'M.A' - Margarida Apaixonada. Estúpido, não!? Pois, tal como eu. Ah pois, saltei a parte das apresentações. Sou a Margarida, já fora a rapariga mais estúpida que conhecera. Estúpida pelas atitudes, estúpida por acreditar, estúpida por sonhar demasiado alto.
Tal como já disse, eu era bastante tímida. Por isso, suspirava sempre atrás dos cacifos e das portas, sempre que via Pedro.A cada semana encontrava-o exactamente no mesmo sítio, a fazer exactamente a mesma coisa, com uma rapariga diferente. Como podia eu achá-lo perfeito? Nem eu própria consigo agora explicar. Afinal, são coisas que não se podem controlar, e que penetram o nosso coração e nos fecham diante da realidade.
Eu parecia não me importar com tudo isso. Só o facto de o ver fazia-me sonhar ainda mais, até que um dia, estava eu absorta nos meus pensamentos, quando oiço alguém.
- Margarida?
Alguém? Não era apenas alguém. Era Pedro. Acho que fora a primeira vez que me falara neste ano, o que para mim já era bom, tendo em conta que só passaram 4 meses desde que o ano lectivo começara.
Respondi, em tom de susurro:
- Sim? - Era como se quisesse falar mas a voz não chegasse e as palavras faltassem.
Estava tão nervosa com o tom da minha voz, mas ainda assim reparei no tom de nervosismo na sua voz. Estaria ele nervoso por falar comigo? Oh sim, claro! Mas não me deu tempo para pensar no porquê do seu nervosismo e disse:
- Preciso de falar contigo. É urgente."
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